domingo, 12 de setembro de 2010

Em reunião de amigos

Hoje pela primeira vez tive a alegria de abordar o conceito da Teosofia (Theosophia) com amigos. Tenho o grato de prazer de privar com pessoas que por vontade própria alcançaram formação diferenciada, o que não sendo principal, fornece, nos casos mais despreendidos, ferramentas intelectuais para contra-argumentar com as posições defendidas e com as quais não se identificam.
Ora do diálogo nasce a Luz. E a luz pode ter variados comprimentos de onda. Neste conhecimento depreende-se que os conhecimentos podem ser elásticos, plásticos, tenazes, resistentes, ductéis ou possuir outras propriedades mecânicas. Contudo, fruto de diferentes comprimentos de onda, são existentes, vivos e vivificáveis, o que é suficiente quando tratamos da alma humana. Alma que não se interroga permanece num estado semi-embrionário de vivência plana. Ora do que que tratou à mesa de refeições foi de Vida, de confronto de ideias e ideário no que concerne ao de mais profundo subjaz ao ser humano. Há pergunta primordial de quem somos, do que derivamos, para onde vamos e qual a nossa função neste mundo, "obteve-se" diferentes respostas congruentes com o que cada um é e acredita.
Tal transporta-nos para um desiderato comum, o do respeito pela opinião do outro.
Abordou-se o tema central da evolução humana. Sobre a identificação com uma visão darwinista ou crença sobre a evolução temporal do homem por raças e sub-raças ajustáveis aos diferentes períodos da história humana.
Como explicar a arte emanada de um pastor que não recebeu educação diferenciada e que contudo se interroga perante o desassombro do espectáculo que a natureza oferece. O homem tenta compreender o universo longínquo sem ter compreendido o mundo próximo que o rodeia. Que esperança real tem este de compreender o mundo do divino? Como pode este, na sua forma material densa, intuir sobre o desígnio universal quando não aceita no seu plano terreno a existência do plano espiritual.
Como pode o homem interrogar-se sobre o além (distante) quando ainda não se debruçou sobre o áquem (próximo), o seu mundo interior, ele próprio?
Quando a massa é tão informe ao ponto de recusar a concórdia, a humildade, a benevolência, a generosidade, a amizade, a aceitação do outro; como pode arrogar-se a julgar, a ascender, a minimizar, a sobrevalorizar-se perante a opinião alheia, tão válida quanto a sua.
Ora aqui está um conceito interessante. "tão válida quanto a sua".
Se eu tiver forma de subsistência e o meu vizinho, porque é negro, cigano ou judeu não puder concorrer ao que me é permito aceder... como me é possível julgar a sua necessidade de querer concretizada inúmeras vezes por más acções. Aqui corre-se num erro da falácia da composição. Uma vez ocorre um roubo ou homícidio por um negro, cigano ou judeu e todos os outros crimes serão perpretados por um negro, cigano ou judeu.
Os termos de comparação só podem ser eticamente aprováveis quando considerados em condições idênticas.
Ora tal não é possível. Que fazer então? Criar e gerir diferentes sistemas de diferenciação social, suportados por acesso a diferentes recursos e níveis de protecção. Ideologicamente inaceitável. Na prática um uso corrente.
Mais tarde esta palavras podem ser inconvenientemente utilizadas... mas em boa verdade, quando os homens nascem diferentes, sendo diferentes, como se pode advogar a igualdade entre eles? Dito assim inicia-se uma revolução inultrapassável. O que quero dizer é que a igualdade entre classes é utópica enquando vivificar no interior do homem os pecados mortais da Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Melancolia, Acídia (espiritualidade não vivificante), Vaidade e Orgulho.
Explico: Se o homem for avarento e sobreexplorar os seus semelhantes na busca de concentração da riqueza num só em detrimento da justa repartição entro todos, o resultado só poderá, a tempo, resultar em catástrofe pois o que nada tem eliminará o que tudo tem.
Aqui surge uma dúvida: E se o que elimina o que tudo tem em prol de um mundo mais justo e igualitário, sofrer processo de contaminação pelo vil dinheiro? E se ele assume e consegue instituir que ele será, doravante, o gestor da fortuna do eliminado, ainda que para tal tenha que construir uma imagem suportada no marketing, numa guarda pessoal, em detentores do conhecimento das leis e da aplicação da Lei?
Que virtude distância o original detentor da fortuna do cacique doutrinário da igualdade em detrimento das pacífica coexistência entre as Elites económicas, militares, da administração, da Justiça, da Saúde e a plebe governada por estes?
Atrevo-me a defender que a segunda versão é pior que a primeira. A primeira é educada (se não o é deve-o ser) que possui obrigações com o todo, ainda que detenha benesses de alguns. A segunda desconhece o quadro obrigacionista a que a condição da primeira está obrigada, sob pena de perca (a tempo) da sua condição priveligiada.
Mas que tem isto a ver com Teosofia. Novamente o conceito do nada e do tudo.
Nada porque o princípio da não interferência obriga a que os choques se dêm sem intervenção dos Superiores Desconhecidos, ainda que vigilantes perante a eclosão de um quadro de atrocidades. Tudo porque no seu processo de não interferência escolhem partes capazes de interagir de modo consentâneo e não visível na busca da paz fraternal e do amor incondicional,
Aquele que se permite desabrochar na paz fraternal e no amor incondicional deixa de ser refém da Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Melancolia, Acídia (espiritualidade não vivificante), Vaidade e Orgulho e ainda que provocado... enquadra o outro, percebendo-o, auxiliando-o quando este deseje, a interagir positivamente com a vida de ascesse do neófito.
O "segredo", que não é segredo, é de que podemos ser melhores, enquadrando os outros, de forma a torná-los melhores. Se o fizermos já conseguimos suplantar o primeiro obstáculo.

Os meus dedinhos preguisoços vão dormir.

God's Desert - A taste of LIVE.

Live to have a sense cannot dispense God's (tastefull) Desert...