a peça continua. Zzt... zzt... o dramaturgo sofre pela conjugação dos eventos e dos papéis de cada personagem... mas o sofrimento (ou prazer) descura a última fronteira. A da capacidade de manutenção do diálogo após a elevação consciente do muro do silêncio. Tal como Pai que na supra e derradeira lição de vida ao filho amado, contudo impúbere, decide a instauração do silêncio como forma de aquisição forçada de tenacidade e resistência perante as enúmeras adversidades que a vida imporá ao seu querido filho. A dureza do silêncio é ferramenta de crescimento. O filho, desperto, reconhece a estratégia do pai, fica-lhe internamente agradecido, mas sabe já não existir retorno perante a incapacidade, auto-imposta pelo progenitor, do não estendimento do braço, da não carícia, do não abraço, do não diálogo, da não comunicação. Ele intui, na sua juventude, que o pai o realiza por si, mas sente que a distância do poder geracional está deslocada perante a não tentativa de compreensão do seu eu, da falta de confiança existente nele, perante a sua capacidade de discernimento entre os limites que a vida impõe e que o pai, na sua bondade, pretende que ele compreenda à força de omissões. Este sistema adoptado será certo certamente e o dramaturgo não terá dúvidas sobre ele, pois leu-o aplicado em literatura e plasmou-o na sua peça de teatro. No decorrer da peça amigos perderam conteúdo interno para dialogar fruto do silêncio imposto pelo pai. O filho aprendeu a conviver com isso... no fundo a estratégia do pai resulta e o dramaturgo sabe-o como ninguém, o público apreciará a cena final: O pai tenta falar com o filho, já na cama do hospital, mas o filho quando chega para tudo dizer assoma-se e ouve: uuu... piiiiii................. a máquina não apresenta já batimentos cardíacos. Tudo ficou por dizer.